Durante o desenvolvimento desse evento, um questionamento foi a força motriz para sua escrita: O que você já deixou de fazer na academia, profissionalmente ou em seu cotidiano, por ser mulher?
A proposta da Roda de conversa está inserida dentro do Projeto de Pesquisa: ?Corpos Femininos e Materialidades: Arqueologia Feminista na Amazônia Meridional?, sob coordenação da Professora Juliana Rossato Santi, dentro da linha de Pesquisa: Cultura Material, Conflito e Resistência: Arqueologia Histórica no sudoeste amazônico e do Grupo de Pesquisa CNPq: Arqueologia na Amazônia Meridional (GPAAM). Entre diversos objetivos deste Projeto está o de: Propor cursos, rodas de conversa e outras atividades relacionados às mulheres presentes arqueologia.
é certo dizer que nem sempre as mulheres foram consideradas e reconhecidas, em valor e importância no desenvolvimento das sociedades, porém, ao longo dos anos, as mulheres têm ocupado, constituído e até mesmo criado campos específicos de atuação e ação social advindas dessas atividades que decorrem no tempo e no espaço, o que nos permite investigar essas questões, a partir de nossos conhecimentos e visões de mundo.
Apesar das tensões que envolvem o tema serem amplas e diversificadas, a emergência da institucionalização do debate ganha força no pós guerra, quando muitas disciplinas foram provocadas a fazer uma revisão de conceitos e valores tradicionais em seu corpo teórico e metodológico, já que não podiam mais silenciar diante de tantas lutas sociais.
A partir de uma perspectiva mais crítica, alguns problemas básicos foram aos poucos sendo evidenciados, dentre os quais a derrubada de uma suposta neutralidade científica nas pesquisas, assumindo-se a existência de constantes disputas de narrativas sobre as histórias de cada povo e lugar, desde os tempos mais remotos até o presente. Questionando e refletindo sobre nossas vivências, também questionamos e refletimos sobre o fazer arqueológico, na medida em que pode revelar como as análises feitas exclusivamente a partir da perspectiva da heteronormatividade, muitas vezes legitimam preconceitos modernos em nome do passado, percebido erroneamente, como simples e imutável.
Nesse sentido, a proposta de uma Roda de Conversa, vem no encontro da expectativa de promover o diálogo e discussões conjuntas que possam gerar práticas cotidianas de luta contra as opressões que nos assolam enquanto corpos femininos. Finalmente, esperamos que essa possa ser uma de muitas metodologias que se multiplicarão nas lutas contínuas que temos travado em busca da igualdade e contra essa sociedade entalhada no patriarcado.
Propomos a realização de uma Roda de Conversa denominada de ?Mulheres e Arqueologia?, de forma híbrida, ou seja, online e presencial, com leituras, discussões, elaboração de propostas e prática de atividades que visem a conscientização sobre a luta das mulheres, tanto no âmbito acadêmico, profissional quanto no cotidiano.
Entendemos que o diálogo é um momento singular de partilha, uma vez que pressupõe um exercício de escuta e fala. As colocações de cada participante serão construídas a partir da interação com a outra, sejam para complementar, discordar, sejam para concordar com a fala imediatamente anterior. Conversar, nesse caso, remete à compreensão de mais reflexão, assim como de ponderação, no sentido de melhor percepção e de franco compartilhamento.
Concordamos com Freire (1998, p.171) quando ele diz que o que defende que o objetivo da ação dialógica está, em proporcionar que os oprimidos reconheçam como e o porquê de estarem inseridos no processo de opressão para assim exercerem ?um ato de adesão à práxis verdadeira de transformação da realidade injusta?.
Na teoria da ação dialógica, portanto, a organização, implicando autoridade, não pode ser autoritária; implicando liberdade, não pode ser licenciosa. Pelo contrário, é o momento altamente pedagógico, em que a liderança e o povo fazem juntos o aprendizado da autoridade e da liberdade verdadeiras que ambos, como um só corpo, buscam instaurar, com a transformação da realidade que os mediatiza (FREIRE, 1998, p. 178).
A lógica da roda, postula necessariamente ninguém atrás ou à frente, mas todos ao lado, pressupõe uma aprendizagem significativa, englobando percepção, subjetivação da existência e corpos em comunhão, mesmo que a roda seja um instrumento simbólico, já que algumas estarão online. A roda, é mais do que disposição física (circular) des participantes, é uma postura ético-política em relação à produção do conhecimento e à transformação social, efetivando-se a partir das negociações entre pessoas.
Em um sistema capitalista, que contribui, dentro da lógica do consumo, para tornar todos iguais, a educação traz, por outro, uma dimensão política, e nela a capacidade de aprender e de ensinar, coletivamente.
As leituras e discussões ocorrerão quinzenalmente de maio a novembro de 2022 e ao final de cada dia haverá a proposição de um ato, ação, luta a ser realizada na semana seguinte e que serão definidas conjuntamente entre es participantes. As bibliografias serão distribuídas aos participantes, quinze dias antes do início da Roda. Propomos o evento de forma mista (online e presencial (nas escadarias da UNIR centro).
Discussões, leituras e reflexões a partir de texto
1- Dia 04/03/2022- Roda de conversa:Mulheres, histórias, resistências, 8 de março e o movimento feminista no Brasil.
TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1999. 96-116 p. (Coleção tudo é história: 145).
Moderadora:
Dia 11/03/2022 - Ações práticas possíveis.
2- Dia 18/03/2022 ? Roda de conversa: Experiência de ser mulher e os mitos em torno da figura feminina.
BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000 [1949]. (Terceira parte, capítulo 3, vol.1).
Dia 25/03/2022 - Ações práticas possíveis.
3- Dia 01/04/2022 ? Roda de conversa: Regulação do sexo como forma de controle dos corpos pelo Estado.
BUTLER, J. ?Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do sexo?. In: LOURO, G. L. (org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2001, p. 151-172.
Dia 08/04/2022 - Ações práticas possíveis.
4- Dia 15/04/2022 ? Roda de conversa: Educação e políticas feministas: como estamos enquanto brasileiras.
HOOKS, bell. O feminismo é para todo mundo: Políticas arrebatadoras. Rio de Janeiro: Rosa dos Ventos, 2018. (Introdução, Capítulos: 1, 2, 6, 7, 10, 12 3 19).
Dia 22/04/2022 - Ações práticas possíveis.
5- Dia29/04/2022 ? Roda de conversa: Vamos falar sobre os feminismos cotidianos?
ADICHIE, C. Ngozi. Sejamos todos feministas. Tradução de Christina Baum. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, 63 p.
Dia 06/05/2022 - Ações práticas possíveis.
6- Dia 13/05/2022 ? Roda de conversa: A luta feminista é para todes? Autocrítica como um processo necessário.
TIBURI, M. Feminismo em comum: para todas, todes e todos. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018. 126 p.
Dia 20/05/2022 - Ações práticas possíveis.
7- Dia 27/05/2022 ? Roda de conversa: A linguagem e as construções das categorias de sexo que dão sustentação as categorias de poder.
BUTLER, Judith. ?Sujeito do sexo/gênero/desejo?. In: ____. Problemas de gênero. Feminismo e subversão da identidade. 14ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017 pp. 17-70.
Dia 03/06/2022 - Ações práticas possíveis.
8- Dia 10/06/2022 ? Roda de conversa: Criação de espaços de escuta e fala para es sujeites subalternes como tarefa para intelectuais pós-coloniais.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG (2010 1985. (Capítulo V).
Dia 17/06/2022 - Ações práticas possíveis.
9- Dia 24/06/2022 ? Roda de conversa: Mulheres negras e feminismo.
HOOKS, bell. Ain't I a woman? Black women and feminism (Não sou eu uma mulher. Mulheres negras e feminismo). Cambridge: South End Press, 1981. (Capítulos 4 e 5).
Dia 01/07/2022- Ações práticas possíveis.
10- Dia - 08/07/2022 ? Roda de conversa: Raça e classe para o movimento feminista.
DAVIS, Angela, 1944. Mulheres, raça e classe [recurso eletrônico] Angela Davis; tradução Heci Regina Candiani. - 1. ed. - São Paulo: Boitempo, 2016. (Capítulos 3, 6, 12 e 13).
Dia 15/07/2022- Ações práticas possíveis.
11- Dia22/07/2022- Roda de conversa: Reflexão sobre as tiranias engolidas dia após dia, que nos fazem adoecer e até morrer por causa delas, e porque ainda estamos em silêncio?
LORDE, Audre. Irmã outsider. Tradução Stephanie Borges. 1. ed. -- Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.
Dia 29/07/2022- Ações práticas possíveis.
12-Dia 05/08/2022 ? Roda de conversa:Interseccionalidade como um ?sistema de opressão interligado?.
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. (Feminismos Plurais/ coordenação de Djamila Ribeiro). São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019. 152p.
Dia 12/08/2022 - Ações práticas possíveis.
13- Dia 19/08/2022 ? Roda de conversa:A categoria político-cultural de amefricanidade.
GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. Revista Isis Internacional, Santiago, v. 9, 1988, p. 115-143.
Dia 26/08/2022 - Ações práticas possíveis.
14- Dia 02/09/2022 ? Roda de conversa: Amefricanizando o feminismo em Lélia Gonzalez.
CARDOSO, Claudia. Amefricanizando o feminismo: o pensamento de Lélia Gonzalez. Estudos Feministes, n.22, 2014, p.965-986.
Dia 09/09/2022 - Ações práticas possíveis.
15- Dia 16/09/2022 - Roda de conversa: Reflexões sobre a história da mulher negra na América Latina.
CARNEIRO, S. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. In: ASHOKA EMPREENDIMENTOS SOCIAIS; TAKANO CIDADANIA (orgs.). Racismos contemporâneos. Rio de Janeiro: Takano Editora, 2003.
Dia 23/09/2022 - Ações práticas possíveis.
16- Dia30/09/2022 ? Roda de conversa: Caça às bruxas no novo mundo: colonização, exploração e resistência.
FEDERICI, Silvia (2004). Calibã e a Bruxa. Tradução: Coletivo Sycorax. SP: Elefante, 2017 (Capítulo 5).
Dia 07/10/2022 - Ações práticas possíveis.
17- Dia 14/10/2022 ? Roda de conversa: pesquisa feminista acadêmica e ativista.
HARAWAY, Donna. ?SABERES LOCALIZADOS: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial?. Cadernos Pagu, nº 05, 1995, pp. 07-41.
Dia 21/10/2022 - Ações práticas possíveis.
18- Dia 28/10/2022 ? Roda de conversa: Impacto do feminismo na Ciência.
KELLER, E.F. Qual foi o impacto do feminismo na ciência?. Cadernos Pagu, n. 27, 2006, pp. 13-34.
Dia 04/11/2022 - Ações práticas possíveis.
19- Dia 11/11/2022 ? Roda de conversa: Raça, classe e gênero como categorias de análise fundamentais no entendimento das bases estruturais de dominação e subordinação.
COLLINS, Patricia Hill (2015). Em direção a uma nova visão: raça, classe e gênero como categorias de análise e conexão. Moreno, Renata (org.) Reflexões e Práticas de Transformação Feminista, São Paulo: SOF, p.13-42.
Dia 18/11/2022 - Ações práticas possíveis
Referências Bibliográficas
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 25 ª ed. (1ª edición: 1970). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
estudantes de graduação e pós-graduação das Ciências Humanas, além de demais pesquisadores, técnicos, professores .
comunidade externa em geral (todas as áreas e níveis de estudo)
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