A Ordem Discreta na fronteira: perfil dos grão-mestres da maçonaria rondoniense
Maçonaria; Amazônia; Fronteira; Grão-mestres
O objetivo da presente proposta é investigar a qualificação do processo de sociabilidade que promove a Maçonaria rondoniense, tomando como recorte empírico o perfil social de seus dirigentes máximos ao nível estadual, a saber: seus grão-mestres, assim como de seus adjuntos. De um modo geral, afirma-se que a maçonaria é influente politicamente em inúmeros países. Em que pese a necessidade de maior ponderação a respeito dessa percepção, pois não se pode transferir automaticamente da influência política de muitos maçons enquanto cidadãos para a influência da Ordem Maçônica, não resta dúvida que ela efetivamente participou, como instituição politicamente influente, de diversos momentos da nossa História. Contudo, ao que uma leitura superficial indica, essa influência decaíu na esfera política ao longo do tempo, permanecendo a instituição influente ao nível social. O objeto da pesquisa é contribuir para uma análise da penetração da maçonaria nos vários segmentos sociais do estado e de como essa inserção desenha o seu perfil social. Se os grão-mestres são eleitos por sua liderança na Maçonaria, essa liderança deve ser resultado de alguma forma de prestígio social ou político externo à ordem, de algum prestígio derivado da própria atividade do líder no âmbito interno à Ordem, ou de uma combinação de ambos. A combinação desses elementos não é simples. Tomemos o caso do senador por Roraima, Mozarildo Cavalcante. Detentor do mandado de senador da República, foi candidato a grão-mestre geral do Grande Oriente do Brasil, uma das potências maçônicas brasileiras de âmbito nacional. Concorreu quatro vezes ao grão-mestrado da ordem desde 1993, e perdeu as quatro eleições, apesar de ser maçom ativo e exercer cargos dentro da ordem e deter posição de poder na sociedade. Assim, se no passado a liderança geral da maçonaria brasileira estava entregue a homens de grande prestígio político ou social, como José Bonifácio de Andrada, D. Pedro II e Luiz Alves de Lima e Silva, ao longo do tempo, e com a queda da influência política da ordem, a cabala para a escolha dos seus grão-mestres se tornou mais complexa. A história da maçonaria em solo rondoniense confunde-se mesmo com os anos iniciais de existência da cidade de Porto Velho. Para a leitura dessas transformações, se faz necessário consultar bibliografias que registraram os processos empíricos de constituição da ordem nessa parte da Amazônia, período em que quase tudo ainda estava para ser construído nos moldes do que se designa como frente pioneira e, posteriormente, frente de expansão. Enfim, pedreiros livres de quase todas as regiões do Brasil, participaram ativamente da vida política dessa parte da região amazônica.